sexta-feira, maio 05, 2006 

4º Episódio: Dia de Emoções

Suores frios atravessaram naquele exacto segundo o corpo do Papagaio-do-mar e gritou para o João enquanto pagaiava com receio:
- Lampreia a minha pagaia está a rachar de certeza que não vai chegar ao fim.
Ouvindo isto o Lampreia Sorridente continuava a remar fortemente mas a sua cara era tudo menos sorridente, parecia estar já a pensar numa solução para o problema, entretanto a Rita gritou logo para o Papagaio-do-mar:
- Continua a remar quando partir partiu, até lá todos a remar com força.
Na margem, preocupados, estavam todos os portugueses em especial a flotilha da Rita e o seu Chefe Gaivota Errante, a tripulação Leão Marinho estava a ficar para trás, à frente iam os Ucranianos da Peixe-Espada e em segundos muito renhidos iam as tripulações do Quénia – Lula Gigante e a tripulação da Espanha – Delfim.
Todos estavam a dar o seu máximo, afinal só as três primeiras tripulações passariam à final onde competiriam as seis melhores tripulações. A ansiedade já tomara conta da canoa S.Jorge. A Clara gritou aquilo que parecia evidente para os outros:
- Moços temos que fazer alguma coisa, estamos a perder velocidade, vamos perder o quarto lugar e não nos qualificamos para a final.
Nisto ouve-se um estrondoso “ craaack!!!!”, o Papagaio-do-mar tira a pagaia da água, vê o que mais se temia acontece e grita em desespero:
- PARTIU!!!!! TENHO A PAGAIA PARTIDA, SÓ TENHO O CABO....
Neste momento a Rita remava com tanta força e vigor que parecia que as veias dos braços iam explodir assim como, os olhos de espanto quando olhou para trás e viu o Papagaio a pagaiar, em desespero, com o cabo da pagaia o melhor que podia. A estibordo da canoa S.Jorge, juntinho à ré o João – Lampreia Sorridente via já a ponta prateada da canoa da tripulação Badejo Prateado da Noruega, eles estavam a avançar rapidamente e não tardava ficariam em quarto lugar, ou os Leões Marinhos resolviam o problema da pagaia ou adeusinho Pagaia Dourada. O pior é que ainda não tinha surgido nenhuma ideia brilhante para dar a volta à situação. Nesse momento a Rita ouve uma voz bem familiar da margem do Tejo a gritar-lhe:
- Usa a sandália!!!!!!
- Usa a sandália como fizemos em Góis na descida da Flotilha pelo Mondego!!!!!
Reconhecendo a voz, a Rita lembrou-se exactamente do que acontecera. A voz era da moça da sua flotilha Lagosta Engenhosa que corria desesperadamente na margem, para lhe relembrar que, quando desceram o Mondego o ano passado, na canoa da Lagosta ela perdeu a sua pagaia, então com engenho e arte de improvisar a Lagosta pegou na sua sandália e atou-a a um pau que encontrou na margem com o botão em cruz e aquela pagaia resistiu toda a descida até chegar a Coimbra. De imediato Pinguim Dorminhoca virou-se para trás e deu a pagaia dela ao Papagaio-do-mar e disse:
- Rema com toda a tua força, dá cá o cabo da pagaia e esse sisal.
Neste preciso momento a tripulação Badejo Prateado ultrapassa os Leões-marinhos e o Lampreia convictamente assustado gritou:
- Oooh!!! Rita o que quer que seja que vais fazer, faz rápido e bem, senão vamos ganhar é a Pagaia de Lata…
- Leões remar como toda a força, vai, vai força leões.
Enquanto Flamingo Audaz, Papagaio do Mar e Lampreia Sorridente suavam por todos os lados para não perderem posições, a Rita tirou a sua sandália e amarou-a firmemente com o botão em cruz ao cabo que restava da pagaia, fez a ligação em tempo recorde, e 5 a 7 segundos depois já estava com a pagaia-sandália dentro de água. Vendo isto, todos os que assistiam na margem começaram a incentivar fortemente os leões-marinhos, acenando bandeiras e gritando por Portugal. Na canoa, ao verem que a pagaia improvisada da Rita resultava, todos começaram a remar ainda com mais força e o Lampreia começava a ficar bem rouco, tanto que parecia grunhir tal como um Leão-marinho.
-Vamos, força, força, temos que ultrapassar os Badejos.
A canoa S.Jorge, parecia mesmo a lança do patrono, começou a rasgar a água do rio com uma velocidade tal que, até as tripulações da segunda eliminatória que estavam na margem incentivavam os Leões-marinhos. Quando os noruegueses viram a S. Jorge a aproximar-se nem queriam acreditar, começaram de imediato a falar estranhamente entre eles mas, as suas pagaiadas já não eram tão fortes e lá ficou o Badejo Prateado para trás, agora era correr para pelo menos o terceiro lugar e para a qualificação para a final. Como o Lampreia já nem se ouvia de tanto gritar e incentivar tomou-lhe o lugar de megafone da tripulação a Flamingo Audaz:
- Vamos campeões, força, força, força. Acabamos de passar a marca de meio da corrida, vamos alcançá-los.
À frente continuava a Lula Gigante e a Delfim em grande despique e com igual velocidade, quando a Rita começou a ver que lhes estavam a ganhar água, começou ainda a remar com mais força levando a sua pagaia-sandália ao limite e pondo à prova a resistência do seu botão em cruz. Faltavam apenas 500 metros para a meta, entre as canoas das tripulações Delfim da Espanha e Lula Gigante do Quénia começou a ver-se devagarinho mas a grande velocidade surgir a canoa S.Jorge, com os quatro valentes e corajosos a dar tudo por tudo. Já quase sem conseguir falar diz o Lampreia:
- Ninguém desiste faltam 500, ninguém desiste.
A bombordo e a estibordo o espírito era o mesmo e quando passaram a linha dos 100 metros para a meta, iam , Leões Marinhos, Delfim e Lula Gigante exactamente a par, todos empatadas para a qualificação. Nesse momento ouviu-se uma frase do bico do Papagaio-do-mar que a todos os Leões fez recordar o fim-de-semana em que se conheceram na Ria de Aveiro.
- “UNIDOS NA TEMPESTADE E NA BONANÇA!”
Era mesmo isso que era preciso agora, pensou a Rita. E não se sabe bem como e de onde os quatro tiraram umas forças extras e mesmo em cima da meta conseguiram ultrapassar a tripulação Lula Gigante e a Delfim. Tinham-se qualificado para a final. Os quatro pegaram na Pagaia-sandália da Rita e gritaram “ UNIDOS NA TEMPESTADE E NA BONANÇA!”. Ainda na água as três tripulações abraçaram-se e saudaram-se, tinha sido uma grande corrida, até quase que os Ucranianos da Peixe-espada tinham sido esquecidos, e tinham ficado em 1º. Quando chegaram à margem o Cavalo-marinho que os havia treinado estava eufórico, bem como todos os outros, a Rita mal pôs os pés em terra e ainda ofegante procurou com o seu olhar uma só pessoa e quando a viu abraçou-se a dizer:
- Foste tu Lagosta que nos qualificaste, foste tu.


......fica atento.....o próximo episódio terá ainda mais "acção".....