sexta-feira, abril 07, 2006 

Pagaia Dourada (2º) - "O Encontro"

Treino da equipaBoas,
Eis o 2º episódio da história sobre a competição da "Pagaia Dourada"....apreciem-na:
"Ouvia-se barulho de fechos éclairs a correr e molas de mochila a fazerem “clic” por entre o silêncio da noite. No quarto cujas paredes estavam decoradas com posters alusivos ao mar e aos rios estava Rita, fazendo nervosamente a sua mochila e falando sozinha.
- Aí que não vai caber tudo na mochila grande! Pronto vou levar o colete de salvação na pequena, mais a cantina…. Entra! Entra! Ah finalmente tudo pronto! Pronta para o grande encontro!
Faltavam apenas 10 horas para a partida rumo à “ Pagaia Dourada”, a grande competição, na qual haviam participado os melhores escuteiros marítimos durante décadas. Rita lembrava-se das fotos da tripulação portuguesa que havia ganho há muitos anos, parecia impossível ser ela a participar, mas era verdade. Rita – Pinguim Dorminhoca – lá se deitou na sua cama. Mas nessa noite não conseguiu ser realmente dorminhoca, apesar de saber que tinha que descansar, não conseguia parar de pensar na grande aventura que por certo iria viver, ainda nem acreditava que tinha sido escolhida pelo Chefe Nacional para participar na “ Pagaia Dourada” e representar o Corpo Nacional de Escutas. Muitas interrogações pairavam na sua cabeça:
- … Como seriam os moços e moças da sua equipa?
- … Saberiam manejar bem a canoa?
- … E as outras tripulações? Como seriam?
07h00 gritava o despertador, Pinguim Dorminhoca saltou da cama num segundo, desta vez não foi necessário ninguém para a acordar, abriu a janela e respirou a brisa fresca que soprava, viu os pássaros nos seus voos matinais e também foi a voar para a sede do agrupamento. Quando lá chegou já a esperava o seu chefe “ Gaivota Errante” que espantado gritou:
- Pinguim !!! Chegaste a horas, fantástico!
- Não consegui pregar olho, só de pensar que vou participar na “ Pagaia Dourada”
- Pois é mas não és a única, ninguém pregou olho, nem eu, nem o resto da flotilha!!!
De todos os lados apareceram os restantes moços e moças da flotilha. Tinham vindo despedir-se da Rita e desejar “Boa Pesca para a grande actividade, sentiam que também eles participavam naquela actividade com a Rita. Todos juntos tomaram o caminho da estação de comboios e lá despediram-se da Rita.
Tal era a emoção que não se aperceberam que aquele era o comboio errado. O ponto de encontro era a cidade de Aveiro e no comboio piscava a seguinte palavra: Braga. Por sorte o timoneiro da tripulação da Rita, o Quim, viu o erro monumental, não fosse o seu totem Tubarão Atento. A correr Rita lá conseguiu entrar no comboio correcto e despediram-se novamente emocionados.
Rita não fazia ideia de quais seriam os restantes membros da tripulação nacional a competir na “ Pagaia Dourada” mas quando o comboio parou na estação de Cortegaça viu um panamá branco a dirigir-se para o comboio. Abriu a janela e esticou-se toda para ver se a cara era conhecida, mas já não conseguiu ver nada pois já havia entrado noutra carruagem, logo pensou:
- Só pode ser um membro da tripulação, sozinho sem o resto da flotilha, não vai sozinho para uma actividade ainda para mais tão carregado como eu. Em que carruagem estará?
Rita decidiu então vasculhar todo o comboio. Tinha que saber se era ou não um dos membros da sua flotilha, passou o comboio a pente fino para trás e para a frente e nada, desiludida regressou ao seu lugar. Quando lá chegou viu de novo o panamá, agora pousado na prateleira junto à sua mochila e ouviu:
- Olá!
Voltando-se Rita viu uma rapariga da sua idade, alta, com enormes cabelos ruivos, que mais pareciam estar a arder e a cara cheia de sardas.
- Olá – respondeu Rita
- Não me digas que vais para Aveiro para o encontro da Pagaia Dourada
?
- Pois vou e tu?
- Eu também vou, então vamos ser membros da mesma tripulação, chamo-me Clara
- Pois eu sou a Rita – Pinguim Dorminhoca
- O meu totem é Flamingo Audaz. Fantástico!! Já encontrei um dos nossos de onde és?
- Venho do Agrupamento de Rio Calmo e tu?
- Agrupamento do Cabo Neblina. E como foi que recebeste a noticia…
E foram as duas, toda a viagem a fazer as mil e uma perguntas que também a Rita tinha pensado durante aqueles dois meses e a última noite, tal foi a conversa que teve que ser o revisor a avisá-las que tinham chegado a Aveiro e que se queriam continuar tinham que mudar de comboio e comprar novo bilhete.
Saíram as duas do comboio, procurando alguém à espera na estação por elas. Bem olharam para a gare mas nada, nem chefes, nem moços, nada. Quando um comboio que estava numa linha adiante partiu viram três uniformes azuis a acenarem com a saudação escutista e gritaram:
- Pagaia Dourada!!!!!
De imediato se dirigiram a correr até elas, não fazendo caso do peso das mochilas e cumprimentaram-se entusiasmados.
- Então vocês é que são a Rita e a Clara?
A voz grossa e altura do escuteiro eram impressionantes – era um chefe, por certo estava à espera dos membros da flotilha.
- Somos.
- Eu sou a Rita – Pinguim Dorminhoca
- E eu sou a Clara – Flamingo Audaz
- Eu sou o Cavalo Marinho, serei o vosso chefe, amigo, treinador e companheiro durante esta aventura, estes dois escuteiros são os restantes membros da tripulação.
- Olá sou o Bruno – Papagaio do Mar
- Hey! Sou João – Lampreia Sorridente e sou do Agrupamento Água Fria
Primeiro gelo quebrado e apresentações feitas dirigiram-se para a Ria de Aveiro. O objectivo destes dois dias era conhecerem-se bem antes de partirem rumo ao Sul para a grande competição. Todos estavam entusiasmados e ansiosos por aquele grande dia.
Nesse fim de semana os quatro conseguiram conhecer-se bem pois tiveram actividades durante todos os minutos do dia, o Cavalo Marinho só deixou parar um pouco na noite de Sábado para um pequeno Fogo de Conselho, durante o dia realizaram actividades na ria especialmente a treinar para a Pagaia Dourada.
A Rita ficou a conhecer bem os moços e moças da sua tripulação.
O Papagaio do Mar: era mesmo isso, não parava de falar todo o dia, mas era aquele que mantinha sempre o ânimo dos quatro, naquelas horas de maior cansaço em que já não sentiam os braços de tanto pagaiar ele continuava a cantar ou a encorajar os outros três, o mais interessante é que o a terra do agrupamento dele se chamava Farol Triste.
O Lampreia Sorridente: tinha para aí um metro e oitenta, só a Clara é que não precisava de olhar muito para cima, mas não era nada magro como as lampreias, era bem larguito por sinal. Tinha uma característica importante - nunca desistia, insistia sempre qualquer que fosse a dificuldade ele enfrentava e não conhecia a palavra preguiça. Como ele tinha essas qualidades foi unânime a escolha – João – O Lampreia Sorridente foi escolhido para timoneiro da tripulação.
A Clara – Flamingo Audaz: era a aventureira da tripulação, só a emoção do desconhecido a fazia remar, era também a amiga e companheira de todos e estava sempre alerta se algum dos outros estava mais desanimado. Foi mesmo a Clara que teve a ideia do totem e lema – Tripulação Leão Marinho “ Unidos na tempestade e na bonança”.
Assim, passados aqueles dois dias de treino, convívio e fraternidade os quatro membros da tripulação Leão Marinho já tinham um espírito e objectivo que os unia - participar na Pagaia Dourada e ganhar com lealdade e honra.
Ao Pôr-do-sol de Domingo o Cavalo Marinho chefe, amigo e companheiro, chamou os quatro e disse-lhes:
- Vocês os quatro demonstraram que são realmente merecedores desta honra de participar na competição da Pagaia Dourada, o vosso espírito de tripulação é o melhor, são companheiros e fraternos uns com os outros, enfrentam as dificuldades sem medos e são leais. Proponho que antes de partir-mos para a competição façam o vosso compromisso de lealdade e honra baptizando a vossa canoa e inscrevendo o vosso nome nesta Pagaia.
Todos aceitaram a ideia do Cavalo Marinho e perante o Pôr-do-sol baptizaram a canoa que haveriam de tripular durante a competição com o nome S.Jorge e cada um escreveu o seu totem numa velha Pagaia que havia sido utilizada pela tripulação portuguesa que tinha ganho a Pagaia Dourada.
Os quatro agarraram a pagaia com a sua mão esquerda e prometeram serem unidos na tempestade e na bonança tal como dizia o lema da sua tripulação."
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(continua……fica atento!)